terça-feira, 5 de julho de 2011

Onde foi parar o laicismo?


                 Lei obriga bibliotecas do rio de janeiro a terem um exemplar da bíblia no acervo.

Todas as bibliotecas situadas no Estado do Rio de Janeiro são obrigadas, a partir de hoje, a manter um exemplar da Bíblia no acervo.  A lei sancionada pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) foi publicada nesta segunda-feira (4) no Diário Oficial estadual.
O autor do projeto é o deputado Edson Albertassi (PMDB). Ele é ligado a uma igreja evangélica.
As unidades que não cumprirem a medida podem levar uma multa que varia entre R$ 2.135 e R$ 4.270 em caso de reincidência.
Fonte: UOL

Mais uma vez o laicismo é atacado de forma brutal, pois a lei privilegia uma religião em detrimento de tantas outras e do ateísmo.
Das duas uma: ou o estado obriga que todas as bibliotecas tenham um exemplar de cada livro de cada religião e de um livro que contemple a não religiosidade, ou a melhor e mais sensata alternativa, não obriga coisa alguma quando o assunto for opinião pessoal, age de fato como um estado laico, que se coloca neutro com relação à religião. Coisa semelhante à questão dos símbolos religiosos expostos em repartições públicas de um estado laico.
Mais uma vez temos a crença pessoal de um indivíduo sendo imposta a todos. Mais uma vez, com o aval da maioria, um homem público, de um estado laico, abusa do poder, juntamente com o apoio dos seus colegas, e joga nossa tão cara constituição na lata do lixo.
Fico imaginando qual fora a argumentação usada pelo deputado. Deve ter sido algo do tipo: A bíblia é um livro essencial para a educação, referência de moralidade, portanto temos que garantir, por força da lei, que ele se faça presente em cada biblioteca do nosso estado. Lamentável!

A ALRJ vem nos premiando ultimamente com cada pérola. Primeiro o discurso homofóbico, preconceituoso, desinformado, da deputada Miriam Rios e agora isso.

Professora Amanda Gurgel

                 

A grande mídia deu toda a atenção e fez questão de dar um espaço privilegiado a professora Amanda Gurgel (RN) depois da grande repercussão nas redes sociais do vídeo em que a professora faz sérias críticas à educação brasileira. O PIG soube se aproveitar, como sempre faz, usando a crítica da professora, para massacrar o governo.

Desde que tomei conhecimento do vídeo, me tornei um fã da professora Amanda, mas quando li em seu blog o texto que segue abaixo, a minha admiração pela professora dobrou.

Parabéns a professora Amanda Gurgel pela integridade, honestidade.

                                      
                                         Porque não aceitei o prêmio PNBE
     

Oi,
Nesta segunda,o Pensamento Nacional de Bases Empresariais (PNBE) vai entregar o prêmio "Brasileiros de Valor 2011". O júri me escolheu, mas, depois de analisar um pouco, decidi recusar o prêmio.
Mandei essa carta aí embaixo para a organização, agradecendo e expondo os motivos pelos quais não iria receber a premiação. Minha luta é outra.
Espero que a carta sirva para debatermos a privatização do ensino e o papel de organizações e campanhas que se dizem "amigas da escola".

Amanda




Natal, 2 de julho de 2011

Prezado júri do 19º Prêmio PNBE,

Recebi comunicado notificando que este júri decidiu conferir-me o prêmio de 2011 na categoria Educador de Valor, “pela relevante posição a favor da dignidade humana e o amor a educação”. A premiação é importante reconhecimento do movimento reivindicativo dos professores, de seu papel central no processo educativo e na vida de nosso país. A dramática situação na qual se encontra hoje a escola brasileira tem acarretado uma inédita desvalorização do trabalho docente. Os salários aviltantes, as péssimas condições de trabalho, as absurdas exigências por parte das secretarias e do Ministério da Educação fazem com que seja cada vez maior o número de professores talentosos que após um curto e angustiante período de exercício da docência exonera-se em busca de melhores condições de vida e trabalho.

Embora exista desde 1994 esta é a primeira vez que esse prêmio é destinado a uma professora comprometida com o movimento reivindicativo de sua categoria. Evidenciando suas prioridades, esse mesmo prêmio foi antes de mim destinado à Fundação Bradesco, à Fundação Victor Civita (editora Abril), ao Canal Futura (mantido pela Rede Globo) e a empresários da educação. Em categorias diferentes também foram agraciadas com ele corporações como Banco Itaú, Embraer, Natura Cosméticos, McDonald's, Brasil Telecon e Casas Bahia, bem como a políticos tradicionais como Fernando Henrique Cardoso, Pedro Simon, Gabriel Chalita e Marina Silva.

A minha luta é muito diferente dessas instituições, empresas e personalidades. Minha luta é igual a de milhares de professores da rede pública. É um combate pelo ensino público, gratuito e de qualidade, pela valorização do trabalho docente e para que 10% do Produto Interno Bruto seja destinado imediatamente para a educação. Os pressupostos dessa luta são diametralmente diferentes daqueles que norteiam o PNBE. Entidade empresarial fundada no final da década de 1980, esta manteve sempre seu compromisso com a economia de mercado. Assim como o movimento dos professores sou contrária à mercantilização do ensino e ao modelo empreendedorista defendido pelo PNBE. A educação não é uma mercadoria, mas um direito inalienável de todo ser humano. Ela não é uma atividade que possa ser gerenciada por meio de um modelo empresarial, mas um bem público que deve ser administrado de modo eficiente e sem perder de vista sua finalidade.

Oponho-me à privatização da educação, às parcerias empresa-escola e às chamadas “organizações da sociedade civil de interesse público” (Oscips), utilizadas para desobrigar o Estado de seu dever para com o ensino público. Defendo que 10% do PIB seja destinado exclusivamente para instituições educacionais estatais e gratuitas. Não quero que nenhum centavo seja dirigido para organizações que se autodenominam amigas ou parceiras da escola, mas que encaram estas apenas como uma oportunidade de marketing ou, simplesmente, de negócios e desoneração fiscal.

Por essa razão, não posso aceitar esse Prêmio. Aceitá-lo significaria renunciar a tudo por que tenho lutado desde 2001, quando ingressei em uma Universidade pública, que era gradativamente privatizada, muito embora somente dez anos depois, por força da internet, a minha voz tenha sido ouvida, ecoando a voz de milhões de trabalhadores e estudantes do Brasil inteiro que hoje compartilham comigo suas angústias históricas. Prefiro, então, recusá-lo e ficar com meus ideais, ao lado de meus companheiros e longe dos empresários da educação.

Saudações,

Professora Amanda Gurgel
                                             

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Rumo a Plena Igualdade de Direitos


Hoje o Brasil deu um grande passo a caminho da plena igualdade de direitos entre seus cidadãos. Com unanimidade de votos a favor, o  Supremo Tribunal Federal reconhece  a união estável entre casais homossexuais .Direitos antes restritos a casais heteros também serão estendidos aos casais homossexuais. O próximo passo será a legalização do casamento civil.

Apenas a CNBB posicionou-se contra. É deprimente ver tal instituição se opondo a algo tão óbvio, apresentando os mesmos argumentos preconceituosos de sempre. 

Felizmente, o bom senso deu de 10 x 0 na ignorância e no preconceito.

Após anos de lutas a comunidade GLBT consegue a sua primeira grande vitória. Parabéns para o STF e para todos aqueles que  contribuiram de alguma forma para essa grande conquista.

“Se você é contra a união homossexual é muito simples, NÃO CASE COM UMA PESSOA DO MESMO SEXO! A opção sexual é algo estritamente pessoal e o estado, FELIZMENTE, é laico.”

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Não Sou Alienado


Já fiz parte da Igreja Católica ativamente. Doei minha força de trabalho tocando missas, shows, retiros... Um passado do qual eu muito me envergonho.

Envergonho-me de um dia ter feito parte de uma instituição tão corrompida .

Sei que a AIDS é um problema de saúde mundial que pode ser combatido através do simples uso de um preservativo. O problema é que existe uma instituição extremamente poderosa que ainda consegue influenciar o comportamento de milhões de pessoas. Uma garota ou um garoto, não vai ao posto de saúde de sua cidade, principalmente cidades pequenas como a nossa, adquirir um preservativo, por que tem vergonha. Por que se assim ela/ele proceder toda a cidade vai ficar sabendo. Um preconceito medieval que dispensa comentários.

Envergonho-me por que sei que, segundo pesquisas de algumas ONGs, cerca de 200 homossexuais são mortos a cada ano no Brasil pelo simples fato de serem homossexuais. Uma realidade que pode começar a ser solucionada com a aprovação da lei que criminaliza a homofobia, mas que a ICAR se opõe, na busca desesperada em sustentar princípios que há muito já estão ultrapassados.

Envergonho-me por que sei, dados os diversos escândalos em todo o mundo, que a ICAR foi conivente com seus padres pedófilos durante anos, sempre jogando lixo para debaixo do tapete.

Envergonho-me por que sei, e acredito que todos nós sabemos: A ICAR é um braço ideológico do estado,logo, não há político no Brasil que ouse desafiar ou contrariar um padre.

Mesmo diante de tudo isso muitas pessoas, inclusive amigos meus, continuam contribuindo para o crescimento desta instituição, uma coisa lamentável.

No jeitinho bem brasileiro eles vão levando... Eu sei que ser católico hoje em dia é muito fácil. Você pode transar antes do casamento, pode usar camisinha, pode ser homossexual, não que eu ache errado tais práticas, mas é que, segundo a doutrina cristã, todas essas coisas são pecados gravíssimos. Eis aí um mar de contradições...

Diante da alienação de muitos, outros tantos estão sofrendo.


domingo, 24 de abril de 2011

Humildade para Aceitar.


Somos poeira na imensidão do universo...

Não adianta se revoltar, não adianta sair por aí criando filosofias e mais filosofias que colocam o ser humano em um status de importância perante o universo, criando todos os tipos de religiões numa busca desesperada de por sentido na existência. A vida, por mais angustiante que possa parecer, não tem sentido. Somos produtos da evolução, desenvolvemos inteligência, criamos cultura, temos a capacidade de refletir sobre nossa própria existência e isso é incrível, mas não há nada, uma única evidência científica, que aponte para a idéia de que a vida tem um sentido. Isso é triste? É absurdo? É sim. Mas isso é o que parece ser mais plausível. Isso é o que é e não o que a gente quer que seja. 

Aceitar isso requer humildade.



quinta-feira, 21 de abril de 2011

Os Super Poderes do Padre Marcelo Rossi... Será?

As páginas amarelas da revista Veja desta semana trazem uma  entrevista com o famoso padre Marcelo Rossi. Um determinado trecho da entrevista chamou muito minha atenção pelo absurdo do seu conteúdo.

O padre Marcelo afirma que consegue prever o sexo de um bebê apenas tocando a mãe e que, às vezes, também consegue saber um pecado antes que o fiel o revele. 

Mesmos as pessoas religiosas mais informadas e mais inteligentes não vêem nada de estranho em afirmações como essas e encaram com extrema naturalidade a suposta existência do “sobrenatural”.

Para nós, ateus, afirmações como as do padre Marcelo Rossi nos soa totalmente ridículas. Veja bem: Ele está afirmando de forma simples e com uma convicção absurda que possui super poderes, aquilo que tenho plena certeza, só existe no mundo da ficção. Não consigo encontrar outra forma de analisar essa questão. Ele está mentindo! Se alguém discorda de mim, por favor, me mostre provas de que existe algum ser humano capaz de prever o futuro. Eu juro que eu seria o primeiro a sair por aí espalhando a boa nova pois os céticos são os que mais anseiam pela existência de algo além do natural, daí vem sua extrema insistência na veracidade das provas.

Tudo que existe são afirmações anedóticas que “desde que o mundo é mundo” nunca foram comprovadas.

Entendo o fascínio que a possibilidade do sobrenatural causou e causa em várias mentes, mas isso só mostra que nós seres humanos somos dualistas e místicos por natureza, um aspecto que por algum motivo ligado a nossa sobrevivência  permanece até hoje.

Acredito que um novo tipo de ser humano está se desenvolvendo: Um ser humano que sabe como o universo surgiu, como a vida surgiu,  que sabe que somos feitos de poeira estelar e que mesmo assim, ainda tem muito que entender sobre a sua existência, mas que sabe que mesmos diante do absurdo da vida não precisa mais recorrer a infantilidade do pensamento religioso.

Um novo tempo... Um tempo em que absurdos como os supostos super poderes do padre Marcelo Rossi serão vistos com tanta descrença como os incríveis poderes do  Superman, Homem Aranha... 

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Meu abraço, meu ombro amigo!


Hoje, um crime bárbaro chocou o Brasil e o mundo. Um louco, psicopata, assassinou doze crianças e deixou varias outras feridas, em uma escola no Rio de Janeiro. Escrevo para me solidarizar com os parentes das vítimas e para exteriorizar toda revolta que tomou conta de mim diante dessa barbaridade.

Sempre que atrocidades como esta acontecem fico pensando o porquê das pessoas continuarem acreditando em Deuses.

Se existe um Deus que permite tamanha tragédia ele não pode ser bom. Não consigo entender como as pessoas ainda são capazes de inventar desculpas para inocentar o seu querido mito. (Deus).

As pessoas religiosas agradecem a Deus pelas crianças que escaparam e dizem que as outras que foram assassinadas brutalmente o foram por que esses são os planos de Deus. Como pode alguém raciocinar desta forma? Como pode a igreja permanecer com um discurso tão vazio, pregando a existência de um Deus Onipotente, Onisciente, Onipresente, diante de tamanha contradição?

Acho que um dos maiores argumentos a favor do ateísmo vem do grande filósofo da antiguidade, Epicuro.

"Deus deseja prevenir o mal, mas não é capaz? Então não é onipotente. É capaz, mas não deseja? Então é malevolente. É capaz e deseja? Então por que o mal existe? Não é capaz e nem deseja? Então por que lhe chamamos Deus?"

Diante de tudo isso não há nada que possa ser feito. O mal é um fato e todos nós estamos propícios a ele. Vivo procurando estimular a empatia, a solidariedade, o amor. Se pudesse falar com algum parente de uma das vítimas daria a única coisa que acho possível e necessária no momento; meu abraço, meu ombro amigo...